quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!

Clarice Lidpector - Pertencer 
Hoje postei esse texto porque queria pertencer a alguém ou não ter um segredo que não posso confesar a ninguém "/ Mais como diz Clarice "PERTENCER E VIVER"

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Gosto do nosso medo do escuro importante: todas as vezes que preciso apagar as luzes, me lembro das *nossas mãos dadas para que o medo passe*  Gosto das nossas diferenças.  Gosto do que se move em você, das coisas que cultiva ao redor, das cores que escolhe.  Gosto de quando pergunta por anda aquela roupa que não uso faz tempo.  Gosto quando gosta de algo que quis muito mostrar. Gosto do seu tom, da tua educação, de te ver modificar as coisas e de seu interior tão finamente lapidado.  Gosto de sentir saudades. Sua ausência não é amarga, uma parte de você sempre fica comigo; e me faz sentir que a distância não é ruim, e sim nos mostra o quanto é bom estarmos juntos.  Gosto de você porque somos partidários. Porque somos reticentes. Porque somos o que somos. E porque ainda "não existimos..."

domingo, 27 de junho de 2010

O mundo em que vivemos, é repleto de altos e baixos, devemos sempre ver o lado bom das coisas, aproveitar intensamente cada amigo, cada erro como aprendizado, cada momento. Devemos ser humildes, ter bons pensamentos, ter metas para alcançar.
Temos que aprender a nos jogar com tudo numa festa, ignorar aqueles que nos querem mal e se as palavras te faltarem sorria, isso basta.
A felicidade é algo tão fácil, tem pessoas que julgam ser algo inalcansável, acham que só são felizes as pessoas que tem TUDO na vida. Ora pois, o que seria ter tudo para elas? A felicidade nada mais é do que as simples coisas da vida bem como: estar com as pessoas que amamos dançando, rindo, fazendo coisas que os outros julgam ser estranhas, fora do normal. É óbvio que uma pessoa feliz não vive por aí rindo de tudo feito um idiota, haha, mas a pessoa que encontra a felicidade se torna alguém inabalável. 
Bora esquecer o resto do mundo e ser feliz? *.*

sábado, 26 de junho de 2010

"When you're gone the pieces of my heart are missing you
When you're gone the face I came to know is missing too
When you're gone the words I need to hear
to always get me through the day
And make it ok
I miss you"

Avril Lavigne - When You're Gone

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Não se deve julgar ninguém sem saber os motivos do comportamento dela, se deve viver com o coração, agir pela emoção. A maioria das pessoas pensa muito, tem medo de se apaixonar, de gostar de alguém de verdade, e quando gostam muitas vezes nao admitem pra si mesmos , elas acabam sendo mais tristes por viverem pela razão e pensar só no bem fisico. Se deve viver para sorrir, e o que te faz sorrir ? Um sorriso de quem se ama, uma palavra que mesmo baixa é verdadeira, risos provocados por besteiras, e não importa se vão te julgar, viva para si. Não se deve ter medo de mostrar a verdadeira face, de mostrar a SUA face.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em um novo momento você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para ter o nosso mundinho de novo. O nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te falava sempre. E quando você finalmente discar meu número, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até nem queira mais te atender. E se você bater na minha porta, ela estará muito trancada e se aberta estiver, mostrará uma casa vazia.Teus olhos te ensinarão o que são lágrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. O nome do enjôo que sentirá é arrependimento, e a falta de fome que virá, chama-se tristeza. Então quando os dias passarem e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olhar com meus olhos encantados... você encontrará a famosa solidão. A partir daí o que acontecerá chama-se surpresa e provavelmente o remédio para todas essas sensações acima...é o tal do tempo em que você tanto falava.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sempre agi sem qualquer dúvida ou remorso. Sempre fui firme quanto ao que falar ou fazer. Meu comportamento sempre dependeu do meu humor, das minhas vontades, e por mais que nem todas as minhas escolhas tenham sido acertadas, isso justificava e me deixava livre de qualquer arrependimento. Entretanto, nesses últimos dias mal posso reconhecer a menina que miro de relance no espelho. A menina que tenho evitado encarar. Tanta coisa eu preciso dizer, tanta coisa quero fazer. Sentimentos suplicam para sair de dentro de mim. Tudo que eu quero guardar e esquecer que algum dia eu já quis colocar pra fora. Escrevo rascunhos todos os dias. Rabiscos imaginários de cartas que nunca colocarei no papel, esboços de emails e mensagens de celular que prefiro colocar na caixa de não enviadas a apertar o botãozinho verde que as encaminhariam ao seu destinatário. Às vezes temos tanto a dizer, tanto a demonstrar, que nenhuma palavra parece ser mais eficaz do que o silêncio. Às vezes olhos marejados de lágrimas dizem mais do que páginas e mais páginas de textos.